domingo, 6 de junho de 2010

Palestra de Marina Colasanti lota teatro em pleno feriado prolongado


Memória, solidão, contextualização, prosa e poesia... Foram vários os temas abordados por Marina Colasanti, escritora, jornalista e artista plástica que está no Piauí participando do 8º Salão do Livro do estado - SALIPI. Sua palestra lotou o Theatro 4 de Setembro na noite deste sábado (05/06) e suas palavras emocionaram o público.  A romancista, que nasceu na Etiópia, desdobrou as memórias de sua infância vivida na Itália fascista.

A escritora, que é famosa por contos como “A moça tecelã”, está finalizando um livro sobre suas memórias e discorreu sobre como um mesmo momento pode ser contado de diferentes maneiras por pessoas que o vivenciaram. Ela ressaltou que a linearidade é apenas um artifício para contar uma história, porque nada ocorre de maneira linear, e que contextualizar os fatos é imprescindível: “Os fatos nunca nascem quando vemos, nascem muito antes. Nada está solto no seu momento. Tudo está interligado”.

Apesar de profunda, Colasanti não foi prolixa e abriu espaço para que a plateia interagisse com ela. Ao terminar sua palestra com o questionamento “A quem pertence o patrimônio da memória de um narrador?”, algumas pessoas se manifestaram para elogiar a contista e tirar dúvidas.

Lena Demara tem interesse pela profissão de escritora e foi uma das espectadoras que aproveitou a oportunidade de tirar dúvidas com a escritora, questionando-a sobre a inserção da poesia em textos considerados prosa. Marina Colasanti explicou que, para escritores jovens como ela, em início de carreira, não é indicado que eles pensem em fazer poesia em prosa, porque isso deixaria o texto meloso – uma “prosa chiclete”, como a autora denominou. Para Marina, a poesia em prosa deve surgir de maneira espontânea, sem pré-meditação do escritor. “A rima não garante poesia; nem rima, nem métrica. É uma aliança entre forma e conteúdo”, pontuou.

A relação entre família e hábitos de leitura

Marina Colasanti concedeu uma entrevista ao Infocientizando, na qual falou sobre a importância da influência familiar nos hábitos de leitura brasileiros, porque essa instituição social é a grande responsável pela leitura, na sua concepção. A família, segundo ela, frequentemente não tem capacidade pra transmitir leitura, não tem livros em casa. A falta de um entorno familiar leitor sobrecarrega a escola, as instituições educacionais – que ficam com toda essa responsabilidade.

“Para transmitir a leitura na família, nós temos quefazer jovens leitores que serão pais leitores. É muito difícil, hoje, você transformar adultos em leitores, embora este trabalho também esteja sendo feito. A domesticidade com a biblioteca, a freqüentação da biblioteca grátis é muito importante”, afirmou.

Colasanti também citou bons exemplos de projetos culturais, como os Agentes de Leitura, no Ceará. Os agentes são pessoas que visitam casas de famílias recolhendo histórias que as famílias contam do seu passado e memória.

A romancista declarou que o Salipi desenvolve um trabalho essencial às crianças, a partir da presença delas na feira e seu contato com autores. “Isso torna o livro um objeto de prazer, insere o livro no universo do evento. Uma feira assim dá às crianças a sensação imediata, visual, da importância do livro”.

Após a palestra, Marina recebeu fãs para autografar livros e tirar fotos. O SALIPI vai até este domingo, 6 de junho de 2010. Este ano o homenageado do Salão do Livro do Piauí foi o escritor piauiense Fontes Ibiapina.

Para ver mais fotos da palestra e da noite de autógrafos da escritora, clique aqui!

Reportagem e Edição: Tamires Coelho

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