As faces do empreendedorismo no Piauí

Existe uma tendência, na contemporaneidade, de esperar que as pessoas tenham seu próprio negócio, utilizando-se da criatividade e da iniciativa produtiva. É disseminado que as pessoas precisam ser empreendedoras, colocando em prática ideias e planos no sentido de modificar a  sua realidade.

O empreendedorismo é convencionalmente conceituado como processo de criar algo diferente e com valor agregado, envolvendo dedicação de tempo e esforço, incluindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes, para obter eventuais recompensas econômicas e pessoais. Ser empreendedor significaria ousadia – o que, hipoteticamente, estimularia o processo econômico de um país.
 
Vanessa Alencar: "empreender gera renda e oportunidades de trabalho"

Segundo Vanessa Alencar, professora que ministra a disciplina Empreendedorismo no curso de administração da Universidade Federal do Piauí, empreender é “um comportamento que pode ser adquirido através de um programa de capacitação, que proporcione aos participantes identificar e avaliar oportunidades, correr riscos, lidar com o fracasso e inovar”. 
 
Em sua experiência como consultora empresarial no SEBRAE do Piauí, a professora, que é mestranda em administração, defende que o empreendedorismo deveria ser trabalhado em todos os cursos superiores, inclusive nas escolas. E, em se tratando do Piauí, acrescenta: “empreender gera renda e oportunidades de trabalho. O povo piauiense está se tornando empreendedor, pois vejo muitas iniciativas interessantes em todo o estado’’.

Entretanto, existem outras correntes de pensamento que encaram o empreendedorismo como um modismo, uma solução ilusória criada em momentos de crise econômica. É o que pensa o economista Luis Carlos Puscas. “O empreendedorismo é uma concepção ideológica que relativiza a massa de desempregados. É claro que o trabalho de órgãos como o SEBRAE organiza a vida de algumas pessoas, mas não existe uma política nacional voltada para as micro-empresas. Tanto é que 85% das novas micro empresas falem em menos de um ano de atividade”, explica Luis Carlos.

O economista também ressaltou que não existe estrutura de crédito voltada para as micro-empresas. “Empresário precisa de capital inicial. Não adianta defendermos que o desenvolvimento acontecerá sem que o Estado proporcione condições pra isso”, conclui Puscas.



Reportagem: Israel Severo
Foto: Israel Severo
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Grupo de amigos cria Clube do Livro em Teresina

A iniciativa pode ser ampliada pelo SESC e se transformar em projeto de maior alcance

O que você acharia de discutir literatura aos domingos? “Importante. Diante de nossas limitações, a reflexão e a escuta do que o outro viu, ou achou de determinada obra, muitas vezes traz conflitos e novos olhares sobre o livro. Além de ser importante ver o que os outros pensarão sobre minhas opiniões”, explica João Farias Júnior, estudante de Filosofia. Ele participa de um grupo ainda informal que se reúne uma vez por mês para discutir uma obra literária escolhida previamente pelos próprios membros do grupo.

O Clube do Livro começou pela iniciativa de um grupo de amigos que gostam de ler e discutir literatura. Na falta de espaço físico para realizar as reuniões, o grupo solicitou junto ao SESC (Serviço Social do Comércio) a concessão de um auditório na unidade do Centro de Teresina para as discussões.

Raimundo Nonato da Silva, coordenador de cultura do SESC Centro, acredita que é importante esse tipo de atitude de jovens de Teresina, sobretudo porque ele considera que, no Brasil, as pessoas não têm o hábito da leitura. “Quando fomos procurados por esse grupo de jovens, eles buscavam um espaço onde pudessem se reunir. Resolvemos, então, a princípio, ceder esse espaço e, só posteriormente, conversar para sistematizar um projeto maior em que o SESC pudesse estar colaborando de forma mais efetiva. Ou seja, isso deixaria de ser um pequeno grupo e abriríamos um grupo maior, contratando profissionais e assessoria externa na área de literatura, para que pudéssemos promover oficinas de poesia e rodas de leitura. Mas, no momento, ainda é um trabalho embrionário, experimental”, explica.

Silva diz que a meta é construir uma parceria com o grupo para que, além das reuniões, também seja compartilhado o gosto pela leitura com outras pessoas.

Reportagem: Cássia Sousa e Ludmila Barbosa
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Comércio de livros usados em Teresina é precário

Você chega a um sebo, encontra um livro que é de seu interesse e pergunta ao atendente que, ao mesmo tempo, é o dono do estabelecimento, quanto custa. “Cinco reais”, responde ele. Você tira uma cédula de cinquenta reais. E ele responde que não tem troco. “Você poderia trocar na loja em frente?”, sugere. Então, você se encaminha para o local indicado, mas não consegue trocar o dinheiro. Retorna ao sebo e o atendente está ao telefone. Você tenta explicar que voltará em outra ocasião para comprar o livro. No entanto, ele apenas acena.

A situação descrita poderia ser fictícia, mas realmente aconteceu com uma das repórteres, na ocasião de coleta de informações para a redação desta matéria. O Infocientizando visitou quatro sebos para entender melhor como funciona o mercado de livros usados em Teresina e constatou que existem algumas associações de livreiros. Uma delas é o Shopping dos Livros Usados, uma reunião de 17 livreiros que decidiram alugar um espaço físico onde pudessem vender livros durante o ano inteiro. De acordo com Sonia Maria Macedo, dona de um estande no Shopping e livreira há 14 anos, o aluguel do espaço é de sete mil reais. Este valor é pago anualmente pelos livreiros associados.

A outra é a Associação de Vendedores de Livros Usados, constituída pelos livreiros que, através de concessão da prefeitura de Teresina, utilizam o espaço da Praça Demóstenes Avelino (mais conhecida como Praça do Fripisa) durante os primeiros meses do ano – de janeiro até maio, no máximo. Segundo o Ribamar Araújo, presidente da associação, ela “funciona como um sistema de vendas, compras e trocas de livros. A troca funciona quando o cliente leva um livro, havendo uma negociação por ambas as partes, incluindo aí a compra de livros do cliente”.

Os livreiros das duas associações trabalham, principalmente, com a venda de livros dos ensinos Fundamental e Médio, mas também adquirem obras do Ensino Superior. Maria do Socorro Macedo, dona de um sebo na rua Barroso, justifica: “não tem um grande acervo de livros do ensino superior porque as pessoas não se desfazem deles”. As áreas de Saúde e Direito, segundo todos os livreiros entrevistados, é a mais procurada, seja para venda, compra ou troca.

Ainda segundo Maria do Socorro, os sebos não vendem edições antigas de livros. “As escolas estão sempre atualizando as edições dos livros que adotam”, explica ela, que trabalha principalmente com livros de Literatura e do Ensino Fundamental e Médio.

Já Ribamar Araújo afirma que também faz negociações de livros com outras cidades e estados. Contudo, nem ele e nem nenhum dos livreiros entrevistados demonstrou interesse por negociação de livros via internet, em sites como o Estante Virtual, por exemplo. Fazendo uma rápida busca neste site, pode-se constatar que não há nenhum sebo piauiense cadastrado, embora haja leitores de Teresina que vendam livros.

O Estante Virtual é um site que media a compra e venda de livros usados entre sebos, assim como pessoas, de todo o país. Nenhum dos livreiros entrevistados lembraram da existência do site, quando mencionado pela nossa equipe de reportagem. Somente depois de explicado em que consistia a página virtual, todos afirmaram já terem ouvido falar, mas nenhum disse já ter cogitado da possibilidade de se cadastrar.     

   
Reportagem: Cássia Sousa e Ludmila Barbosa
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Música nas escolas: uma realidade ainda distante

Próximo ao fim do prazo estipulado pelo governo federal para adequação das escolas públicas e privadas ao ensino de música, muitas instituições de ensino ainda estão aquém desta meta.

O Colégio Sagrado Coração de Jesus que, há dois anos, contava com a disciplina de Música da Alfabetização à 3ª série do Ensino Fundamental, em nada ampliou esses dados – já que o conteúdo de Música atualmente é ensinado até a 4ª série. A 4ª série corresponde ao antigo terceiro ano, de acordo com os novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).

Sancionada pelo presidente Lula em 18 de agosto do ano de 2008, a lei que torna obrigatório o ensino de música nas escolas públicas e privadas também não é muito clara. A lei diz que “a música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular” e é acrescida de dois artigos. Um deles determina o limite – três anos – dado pelo governo brasileiro para que as escolas se adaptem ao novo sistema. E o outro, traz a data de vigoração.

Até então, os PCN contavam com a disciplina de Arte que tinha como foco três segmentos: artes plásticas, artes cênicas e música. Poucas escolas, principalmente da rede pública, davam ênfase ou mesmo ministravam o conteúdo de música por problemas de infraestrutura.

Os problemas estruturais estão relacionados aos equipamentos necessários para o ensino de música, como instrumentos musicais, por exemplo. Maria da Cruz Bezerra, coordenadora da Unidade Escolar Duque de Caxias, no bairro Cristo Rei, explica que nem sempre as verbas repassadas pelo governo são suficientes para implementar mudanças desse porte.

Nas escolas privadas, os maiores problemas estão ligados à escassez de profissionais aptos a ensinar. No ano passado, a então coordenadora pedagógica do Colégio Sagrado Coração de Jesus (CSCJ), Teresinha Gomes da Silva, disse ser esta a grande dificuldade: encontrar profissionais aptos a ministrar o conteúdo de música, mas que também tivessem domínio das normas pedagógicas. Este ano, o problema ainda não foi resolvido.

Atualmente, o CSCJ conta com três professores de Música. Lilia Dias Braga, professora de Música do colégio e também da rede pública diz que o segundo ano não tem mais a disciplina por falta de alguém disponível a assumir a turma. “Uma das irmãs fica no terceiro [ano], mas ela não tem disponibilidade e já está cansada. Só está com essa turma porque eles [os alunos] querem muito. Eu não tenho mais disponibilidade porque trabalho em mais três lugares, além do colégio. Trabalho em uma escola da prefeitura, uma do estado e tenho uma escolinha de música”, justifica.

O mercado piauiense continua carente de pessoas licenciadas em Música. O fato não chega a surpreender, já que, dentre as instituições de ensino superior do estado, apenas a Universidade Federal do Piauí oferece o tipo de formação exigida pelas escolas, que é a licenciatura. A professora Lilia considera que isso é reflexo de uma conjunção de fatores. “Aqui não existe uma política de investimento forte no setor da educação quando se fala de música. As universidades privadas também não se arriscam a oferecer o curso que forma professores, por medo de não haver demanda.”

A professora de música ainda cita a influência do ambiente cultural no qual as pessoas – em específico, as crianças – estão inseridas. “Nós temos que aceitar a bagagem cultural que a criança traz, mas também temos que abrir novos caminhos para elas. O gosto estético dos meus alunos, por exemplo, se compõe de músicas como “Rebolation”. Eles têm pouco conhecimento de música erudita ou mesmo música popular que tenha mais qualidade. Se você pergunta se já ouviram falar de “As Quatro Estações”, eles imediatamente associam à música de Sandy e Júnior, e não à obra de Vivaldi. Isso tem relação com o que a criança ouve quando está em família. Eu amo música clássica, mas nunca a ouvi em minha família. Nesse sentido, ainda está muito a desejar.”, finaliza ela.



Reportagem: Cássia Sousa e Ludmila Barbosa
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Entrevista: Edilson Nascimento fala sobre a questão racial e o desafio das minorias políticas na sociedade

Edilson Nascimento é formado em Pedagogia e Jornalismo pela UFPI, especialista em Tendências e Perspectivas do Jornalismo, e desenvolveu dois projetos de pesquisa sobre a questão racial, que foram orientados por um  africano de Serra Leoa que reside em Teresina, Francis Musa Boakari. Como jornalista, Edilson mantém um blog no site Meio Norte.

O primeiro projeto foi intitulado "A escola e questão do negro: a procura de uma pedagogia voltada para a negritude", feito na cidade de Timon-MA, no qual procurou estudar até que ponto o racismo exclui e prejudica o desenvolvimento dos afrodescendentes na escola. Já o segundo foi feito no curso de Comunicação Social e teve como título: "TV por Preto e Branco: o negro como repórter e apresentador de televisão em Teresina –PI”, no qual  procurou analisar uma realidade que ele considera racista, na qual se pode contar  nos dedos os profissionais de características afros que aparecem na tela piauiense. 

Em entrevista ao Infocientizando, Nascimento explica como funciona o Movimento Negro, que parcela social ele agrega e como acontecem as articulações do grupo. Em um posicionamento algumas vezes radical, ele fala sobre as vitórias e sobre o que ainda pode melhorar no movimento. Além disso, conta também como já sofreu discriminação racial e pontua que essa prática ainda é frequente na sociedade brasileira e teresinense.


Edilson é fundador de uma ramificação do movimento negro na Universidade Federal do Piauí

Infocientizando: Quando e como começou o movimento negro no Piauí?
Edilson Nascimento: Não dá para afirmar exatamente quando começou o movimento negro no Piauí, pois o movimento negro no Piauí encontra-se ainda em construção. Embora haja várias ramificações que nos permitem admitir que há uma consolidação, seja na área cultural – como temos o exemplo do Grupo Coisa de Nego –, como na parte intelectual, na qual se enquadra o Núcleo de Pesquisadores da UFPI e da UESPI. Na UFPI temos o Ìfaradá, do qual eu tenho o prazer de dizer que sou um dos primeiros integrantes, junto com o professor Francys Boakari e o professor Solimar Oliveira. É bom lembrar que o Movimento Negro Unificado, MNU, também tem representação aqui em Teresina, destaco aqui a pessoa do Istânio Vieira. Movimento é algo que não tem fim. Nem meio, nem fim. É algo que se encontra sempre em constante mudança, e isso, no caso da negritude brasileira, é algo que exige sempre uma atenção especial.

Infocientizando: Quais são as principais preocupações do movimento negro hoje?
Edilson Nascimento: Atualmente, está em tramitação um estatuto da Igualdade Racial e os movimentos negros, pesquisadores e militantes esperam que sejam implantadas ações afirmativas para garantir uma maior e melhor representação do negro na sociedade. A gente tem que tentar outros caminhos, mais ligados à educação, mais ligados à socialização das pessoas, ao convívio com a diversidade. O nosso modelo de relações não é um modelo separado como nos Estados Unidos, onde os grupos ocupam lugares distintos. A gente não tem esse modelo. Mas isso não quer dizer que a gente aceite com mais facilidade o outro. A regulamentação é importante. A lei tem que existir e tem que ser pra valer, mas só isso não é suficiente. Teríamos que ter um trabalho que venha desde a educação infantil, que é aprender a conviver com a diversidade. Uma contribuição muito importante seria o efetivo cumprimento da obrigatoriedade dos conteúdos, no primeiro e no segundo grau, relacionados à História da África e à História e cultura dos negros no Brasil. Hoje, a gente tem um pouco mais de interesse, mas esse tema não é o foco das pesquisas acadêmicas. Claro que as coisas foram caminhando e o tema ganhou uma expressividade na sociedade, na medida em que os estudantes negros afloraram em algumas universidades e tiveram a oportunidade também de trabalhar essa questão, de fazer pesquisas e estudar essa questão num movimento que é acadêmico e militante.

Infocientizando: Quais os critérios para que uma pessoa entre para o movimento no Piauí? A pessoa se declara negra, ou precisa ser reconhecida como negra pelos integrantes?
E. N.: Não existem critérios fechados que ditam aspectos a serem avaliados na hora de integrar alguém. Muito pelo contrário! Para participar do movimento negro no Piauí, basta querer, ter sensibilidade e preocupação com a problemática negra. Claro, que na maioria dos casos quem vai se identificar mais com essa causa são as pessoas com maiores características afros, porém, também encontramos alguns colegas que não possuem traços físicos africanos aparentes, mas sentem a necessidade de ação e se integram, sendo aceitas perfeitamente no movimento negro.

Infocientizando: Em sua opinião, o movimento negro vem obtendo resultados positivos frente ao governo e à sociedade? A política de cotas seria um desses resultados?
E. N.: Claro que sim, principalmente no governo do presidente Lula, conseguimos vários avanços a nível político. Com destaque para a Lei 10.639, que determina que o sistema educacional brasileiro passe a incorporar em suas escolas aspectos culturais positivos dos africanos, construídos historicamente, que, acima de tudo passe a valorizar as manifestações afrodescendentes.  Na semana passada, depois de tramitar algum tempo, foi aprovado o Estatuto da Igualdade Racial, outra grande conquista dos movimentos e militantes negros. Socialmente, cada vez mais, mesmo com todos os obstáculos, o movimento negro vem ganhando força política. A política de cotas passa por uma exigência de uma ação afirmativa, para de certa forma minimizar as disparidades que foram criadas ao longo da história.

Infocientizando: Como o senhor se posiciona a respeito da crítica a política de cotas, que defende que esse tipo de política potencializa o preconceito e pressupõe uma “inferioridade’’ das pessoas que se declaram negras, sendo necessária apenas uma política “social” de cotas, com base no nível sócio-econômico?
E. N.: Eu, particularmente, sou a favor das cotas, por entender que as portas devem ser abertas para aqueles que foram historicamente açoitados, massacrados, marginalizados. Não entendo como uma esmola, mas como uma possibilidade do afrodescendente chegar aos espaços de desenvolvimento humano, como a universidade e concursos públicos, ambientes fechados, abertos apenas para a elite. Na medida em que a voz do não-branco vai ecoando nesse espaço, vamos ganhando força e crescendo em todos os sentidos. As cotas são apenas uma das ações das políticas afirmativas para o afrodescendente. Não estamos nos inferiorizando com isso. Vamos mostrar que temos nosso valor, e que o vestibular e os concursos são, na verdade, uma representação cruel dessa máquina mortífera chamada sociedade capitalista, que manipula as coisas e aliena as pessoas, levando a crer que alguns são melhores dos que os outros por oportunidades orquestradas por uma cúpula de burgueses.

Infocientizando: Na sua visão pessoal, o preconceito de cor é evidente no Brasil hoje? Ou acontece de forma velada? Existem contextos que favorecem o preconceito?
E. N.: No fundo, o preconceito relacionado à cor é claro para quem é bem escuro no Brasil, só isso. Se pinte de preto, transforme suas características físicas para os afros e verás o peso do racismo. O que acontece é que, aqui, as pessoas discriminam e acham que é normal, brincam com isso, se divertem, fazem piadas, e a angústia dos afrodescendentes é vista como complexo de inferioridade. Psicologicamente, o negro incorpora ou passa a se rebelar radicalmente contra essa realidade. Infelizmente é isso. A proposta do movimento passa pela abertura de um diálogo, que faça desabrochar, despertar o monstro que está adormecido (os traumas sofridos pelo racismo), que esse seja exortado, e que os gritos ecoam, e todos possam se libertar socialmente para falar de seus sentimentos excluídos até hoje.

Infocientizando: De acordo com sua experiência de estudioso e militante, o preconceito de cor deveria ter maior atenção dos legisladores brasileiros? Se sim, por quê?
E. N.: Na verdade, o que precisamos é fazer com que a sociedade passe a escolher afrodescendentes como representantes públicos, porque ainda são poucos os políticos negros conscientes a respeito de nossa negritude. Porque negritude é uma filosofia e precisa ser estudada, sentida. Ser consciente como negro é admitir, acima de tudo, que o racismo existe e precisa ser debatido, discutido por todas as instâncias sociais brasileiras. Vamos enxergar o negro também como intelectual, como trabalhador, empresário, empreendedor, dono de seu próprio nariz e capaz de se posicionar nesse contexto de construção social. Não adianta criar leis para serem esquecidas nas gavetas, as leis são importantes se entendidas, vividas e praticadas. Por isso, primeiro vamos conscientizar nossos irmãos a se valorizarem e a valorizarem nossos semelhantes.

Infocientizando: O senhor já sofreu algum tipo de exclusão ou preconceito em função da cor da sua pele? Se sim, pode contar como ocorreu?
E. N.: Sim, vários. Vou contar apenas dois. Primeiro, na escola, certa vez uma professora para me calar, disse "Cala a boca sabonete phebo!”. Era um sabonete preto. Da forma como ela falou, todos se calaram, inclusive eu, que senti um grande remorso, que veio a se transformar em trauma. Como jornalista, tenho um sonho de ser repórter de televisão e, nessa época, eu era funcionário da TV Clube. Por muita insistência comecei a estagiar como repórter. Apesar de conseguir fazer entrevistas e elaborar os textos, nunca me coloram no ar e, em certa ocasião, o editor de esportes dessa emissora disse para eu ouvir essa máxima que guardo na minha alma: "Em minha editoria, um negro nunca terá vez!".  Além disso, posso relacionar inúmeras situações em que, por descaso ou por insinuações, as pessoas me negam, me desprezam, no olhar ou em um não olhar, por passar despercebido. Quando querem amenizar as coisas, tratam de moreno, negro de alma branca.

Infocientizando: O movimento negro tem articulação com minorias políticas, como o movimento GLS, movimentos que lutam pelos deficientes, entre outros?
E. N.: Essa articulação é, inclusive, uma inquietação minha, que tenho uma proposta particular de desenvolvimento em uma tese de mestrado. Ou seja, de abordar a falta de articulação entre as manifestações dos movimentos. O movimento negro não tem maior representação porque se isola, tem excelentes propostas que se esvaziam por falta de articulação. Nesta perspectiva é que perdemos muito como construção social necessária, frente aos interesses dominantes nessa realidade, que se satisfazem com a desarticulação das militâncias.



Reportagem: Israel Severo
Foto: Israel Severo
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Entrevista: Um premiado defensor do meio ambiente fala sobre a dificuldade de ser ecologicamente correto em Teresina

Apesar de ser um assunto bastante discutido atualmente, a maioria das pessoas ainda se importa pouco com o meio ambiente. Antônio Carlos, professor de espanhol da UESPI, está fora desse grupo. Vestido de palhaço Pancinha, personagem que criou há 30 anos, ele conta histórias e canta músicas para crianças – foco do trabalho de educação ambiental que realiza desde 2007.

Neste mês de junho, Antônio Carlos recebeu o Oscar Ambiental, prêmio que homenageia pessoas que defendem o uso sustentável de recursos naturais. Em 2008, ganhou o troféu Amigo da Fauna, do IBAMA, onde está se especializando em gestão ambiental.

No mesmo ano, ganhou um Ponto de Leitura concedido pelo MEC. Trata-se de uma biblioteca com computador, acesso à internet e 800 livros disponíveis à comunidade do Bairro Bela Vista, onde mora em Teresina. É Diretor de Cultura Ecológica da Associação de Catadores de Resíduos Sólidos do Piauí e ministra palestras sobre coleta coletiva solidária em empresas.

Muitas pessoas ainda não são educadas a fazer coleta seletiva em Teresina


Infocientizando:
Desde quando a associação existe e com que tipos de material ela trabalha? Há quantos membros associados?
Antônio Carlos: Existe desde 2004, regulamentada em cartório, com estatuto e tudo mais. Nós trabalhamos com plástico, papelão, papel e vidro. Todo material que a gente recebe, a gente passa para o sucateiro, que é o intermediador. Ele, por sua vez, vende pra fora: Ceará, Paraíba, São Paulo. Todo o material vai pra fora. Isso porque em Teresina ainda não existem indústrias de reciclagem. Também temos um convênio com a secretaria de Saúde. Todo mês, ela manda pra nós um carregamento com o já material separado, pode ser de copos descartáveis ou papel. Nós já tivemos 300... 200 membros. Hoje, infelizmente, nós trabalhamos com um efetivo de apenas 30... 40 pessoas.

Infocientizando: Porque a coleta seletiva não funciona em Teresina?
Antônio Carlos: Falta de vontade política, falta de vontade do empresariado. Hoje, em Teresina, existe um desperdício de lixo total. Infelizmente, são lixões a céu aberto. O aterro sanitário fica lá e pouco é aproveitado. Há pessoas que aproveitam o material pra fazer artesanato. Há os catadores que retiram o material de lá para comercializar. Mas, como não existe coleta seletiva feita pela Prefeitura, o projeto que foi implantado foi um fiasco. Hoje em dia, eu diria que Teresina é uma das cidades do Brasil que praticamente desperdiça todo o lixo que é produzido.

Infocientizando: Por que o senhor considera um fiasco esse projeto?
A. C: Quando eu visitei a SDU Norte e a SDU Sul no ano passado, numa iniciativa minha, fui conversar com alguns técnicos e eles alegaram que as pessoas não tem educação ambiental, que elas são mal educadas e que não separavam o lixo. Eu conversei com algumas pessoas de bairros onde a coleta foi implantada, na zona Leste. Elas me diziam que os garis pegavam o lixo separado e misturavam. Eu mesmo cheguei a ver isso. Então fica esse jogo de "empurra-empurra". O meio ambiente não está precisando disso. Ele está precisando é de atitudes concretas. Se a prefeitura acha que as pessoas não tem educação ambiental, que seja feito um projeto piloto de educação ambiental, em um bairro apenas, e, se der certo, que seja lentamente implantado em outros bairros. Isso é uma coisa que não se resolve da noite para o dia. A gente sabe que desde que o homem se entendeu como tal, ele degrada o meio ambiente. Mas hoje, a Terra já está tão sucateada que está difícil. É preciso a prefeitura e grupos civis se unirem e fazerem um planejamento, porque a prefeitura sozinha não resolve. O que a gente sabe é que existem algumas entidades que já fazem um trabalho bem interessante.

Infocientizando: Catar lixo em Teresina é um serviço rentável?
A. C.: O número reduzido de catadores se deve à baixa rentabilidade do trabalho. Alguns, às vezes, tiram 300... 500 reais por mês. É uma renda muito reduzida. Os catadores têm muita dificuldade financeira. Por isso, fica muito difícil pra um catador permanecer no trabalho dele. São heróis anônimos. A gente vive numa situação em que o poder público e o empresariado não valorizam. É interessante que, como estamos em ano político, já tem candidato nos procurando pra pedir votos, pra dizer que vai apoiar. É aquela conversa de sempre, circunstancial, agindo por conveniência, oferecendo alguma coisa em troca. Aquele modelo antigo de política, mal feita e que não interessa ao meio ambiente e ao Brasil. Nós respondemos sempre que precisamos de uma colaboração efetiva, de convênios, de contratos assinados.

Infocientizando: O lixo de Teresina é, em sua maioria, despejado em aterros sanitários. Sabe-se que existem outras formas de armazenamento do lixo, menos ofensivas ao meio ambiente. Como os órgãos competentes da cidade poderiam agir para amenizar essa situação?
A. C.: Eu vou apontar uma solução muito simples e que já foi, inclusive, sugerida. E eu digo que entendo porque ela ainda não foi implantada. A prefeitura tem condição de implantar uma central de reciclagem. Uma central como essa pode reciclar todo resíduo orgânico e inorgânico. Uma obra dessas está alçada em torno de 10 milhões de reais. Hoje em dia, gasta-se muito com esse serviço de coleta e desperdiça-se muito lixo. O lixo, grosso modo, as pessoas pensam que é uma coisa que não presta. Mas eu digo com toda certeza: lixo é riqueza!

Infocientizando: A própria camisa da seleção brasileira de futebol é feita com garrafas pet!
A. C.: Sim! É uma coisa feita há muito tempo e a seleção resolveu dar esse exemplo, o que é muito bom. Está mostrando que meio ambiente é um tema recorrente e vai continuar sendo por muitas décadas. Meio ambiente não é só falar de plantinha e borboletinha. No meio ambiente, a primeira coisa que deve ser focada é o ser humano, a ética, o comportamento, a educação, a dignidade, o respeito pelo outro. Tudo isso é meio ambiente. Depois é que vamos falar da questão da preservação, do tráfico de animais, de replantio. Por que eu falo primeiro em ética? Porque quando um governador permite que seu estado seja devastado, falta ética. Quando um prefeito permite que sua cidade fique abandonada e que seu lixo não seja tratado, é falta de ética e de respeito. Se prefeitos e governadores optaram por “estarem” governadores e prefeitos, então, a responsabilidade deles é grande. Eles poderiam fazer alguma coisa.

Infocientizando:
Pode-se ver alguns locais pela cidade que oferecem cestos de lixo diferentes para cada tipo de produto. Depois da coleta, esse lixo é realmente destinado a locais adequados e direcionado para reciclagem?
A. C.: De forma alguma! As pessoas nem se importam. Se você perguntar pra alguém o que se coloca no cesto vermelho, ela não vai saber que é plástico. As pessoas têm que ser alfabetizadas ambientalmente.

Infocientizando: Numa cidade de médio porte como Teresina, como uma indústria de reciclagem pode contribuir para o desenvolvimento econômico da cidade?
A. C.: Quando se trata de lixo e reciclagem, antes de ser uma questão ambiental, é uma questão socioeconômica. Porque traz mais qualidade de vida para a cidade, proporciona renda e emprego para as pessoas, além de reciclar o material orgânico, que teria uma central de compostagem para fazer adubo. Em 2007, o governador sancionou uma lei estadual na qual shoppings centers, condomínios, padarias e supermercados seriam obrigados a fazer coleta seletiva. Mas as ações são muito incipientes, as multas muito tímidas. Quando as empresas são multadas, elas têm como recorrer. Precisamos de leis mais firmes e que sejam bem fiscalizadas. É preciso que seja feito um mapeamento pra saber quais são as associações que têm transporte próprio e podem recolher esse lixo, e para onde deve ser encaminhado.

Infocientizando: Como o cidadão comum pode contribuir dentro do seu lar para diminuir o acúmulo de lixo? É possível reciclar lixo em casa?
A. C.: É importante dizer que a reciclagem é um processo químico. Do meu conhecimento, em Teresina só há uma indústria que recicla sacolas plásticas. São fabricadas sacolas novas a partir de outras já existentes. Em Teresina, o que se faz é o reaproveitamento através do artesanato ecológico. Um exemplo de reaproveitamento que pode ser feito em casa é o óleo queimado transformado em sabão. As pessoas poderiam fazer reciclagem da seguinte perspectiva: descartando embalagens no próprio supermercado, por exemplo, nos casos de produtos que vêm em duas embalagens. Não seria preciso levar várias embalagens pra casa. É uma pequena atitude, mas uma atitude cidadã. Agora, o supermercado vai ter orçamento e interesse pra isso? Pode ter um retorno muito bom pra imagem. Ia agregar valor à imagem do supermercado. A clientela verde, que é o cidadão que tem uma visão ambiental, poderia fazer mais compras naquele local. Quando você faz compras, leva pra casa vários resíduos. Não se fala mais lixo, porque a primeira ideia que se passa é de “coisa que não presta”. Hoje em dia, fala-se em resíduos sólidos para dar a ideia de que aquilo pode ser reaproveitado.



Reportagem: Cássia Sousa e Ludmila Barbosa
Foto: Ludmila Barbosa
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Audiência Pública ainda é direito desconhecido pelos cidadãos

 Na manhã do dia 17 de junho, realizou-se no Plenarinho da Câmara Municipal de Teresina uma audiência pública para tratar da qualidade do abastecimento de água em Teresina. O vereador Firmino Filho foi o proponente da reunião. Na oportunidade, estiveram presentes representantes da Agespisa, da Social Democracia Estudantil (SDE), da secretaria municipal de Meio Ambiente, da sociedade civil em geral e vereadores da Casa.

Segundo definição do glossário legislativo da Câmara dos Deputados, uma audiência pública é uma “reunião realizada por comissão técnica, a pedido de deputado dela integrante ou de entidade interessada, com o objetivo de instruir matéria legislativa em tramitação, bem como tratar de assunto de interesse público relevante relativo à área de atuação da Comissão. O requerimento para convocação de audiência pública deve ser encaminhado ao Presidente da Comissão. Cabe ao Plenário deliberar se o aprova ou rejeita”.

 Audiência pública na Câmara Municipal de Teresina

O que a maioria das pessoas talvez não saiba é que qualquer membro da sociedade civil pode solicitar uma audiência pública. Quando sentir necessidade de esclarecimento sobre determinado assunto, os cidadãos comuns, no mínimo 50 pessoas, podem convocar uma reunião desse tipo.

“Você nunca tem a oportunidade de sentar e conversar com um diretor da Agespisa ou alguém que possa responder as suas perguntas sobre a própria Agespisa. Numa audiência desse tipo, se não dá pra você perguntar tudo, dá pra, pelo menos, perguntar questões da área em que você mora ou trabalha, e procurar elucidar questões que possam vir nos momentos de problemas. É sempre bom saber a quem recorrer, a quem perguntar e procurar saber quais os direitos que a gente pode ter”, afirma Gardênia Dantas, representante da SDE,  já participou de várias audiências públicas.

Gardênia acredita que essa é uma das formas de se construir a democracia. “As pessoas, hoje em dia, votam mal, exigem mal dos seus políticos porque elas não tem conhecimento das suas necessidades. As necessidades não são tratadas como coletivas, mas como individuais. É uma coisa que no Estado democrático não deveria ocorrer. Se eu não tenho uma comunidade coletiva presente, no que diz respeito às necessidades, aos problemas, a gente não pode exercer, de forma alguma, a nossa função como eleitor ou como cidadão, em qualquer aspecto que seja”, completa.



Reportagem: Cássia Sousa e Ludmila Barbosa
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Projeto Justiça Federal na Escola leva conscientização a escolas públicas

Foi assinada ontem (18/06), na sede do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, uma parceria entre a Justiça Federal e a prefeitura de Teresina para levar cidadania a 15 escolas públicas municipais. O projeto consiste em visitas dos alunos dessas escolas à sede da Justiça Federal para que eles conheçam de perto a sistemática do poder judiciário, além de palestras ministradas por membros dessa instituição aos sábados, nas escolas.

O objetivo do projeto é conscientizar os estudantes acerca dos seus direitos e deveres, servindo como um mecanismo facilitador de participação social.  Os alunos serão instruídos sobre as atividades da Justiça Federal, conhecendo seu campo de atuação, atribuições, no intuito de saber sua importância e quando devem recorrer à mesma.

José Ribeiro Costa, estudante da Escola Municipal João Emílio Falcão, uma das escolas beneficiadas com o projeto, comenta sobre sua expectativa. "Espero aprender bastante sobre o poder judiciário. Sempre vi a Justiça como um órgão distante da minha realidade e agora terei a oportunidade de me informar sobre muitas curiosidades", afirma.





Reportagem: Israel Severo
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Consulta à população vai redefinir políticas da doação de sangue

Desde 02 de junho de 2010, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em parceria com a Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados (CGSH) do Ministério da Saúde, está realizando uma consulta pública para revisar os critérios sanitários relacionados aos serviços de hemoterapia. Paralelamente, a CGSH discute uma proposta de portaria para regulamentar os procedimentos hemoterápicos. A consulta encontra-se no site Ministério da Saúde.

A população terá direito de opinar e dar sugestões sobre as novas regras. Após a etapa de consulta, que vai até o dia 02 de agosto, a ANVISA fará uma avaliação técnica a respeito dos resultados. Por fim, a resolução será publicada e posta em vigor.

Entre os procedimentos que podem receber alterações, está a faixa etária permitida para os doadores de sangue. Atualmente, pessoas entre 18 e 65 anos podem doar. Se a nova resolução for aceita, a idade mínima permitida será 16 anos e a máxima será 68 anos.

“Em escolas que o Hemopi visita, muitos adolescentes expressam o desejo de doar sangue”, comenta Hortênsia Rocha, assistente social do Hemopi (Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Piauí). Além de aumentar o número de doadores, ela acredita que essa medida vai contribuir para a campanha de fidelização do doador, para que o sangue coletado seja sempre seguro e de qualidade.
 
O perfil dos doadores vem mudando com o tempo, segundo Hortênsia Rocha

Segundo Rocha, o perfil de doadores do Hemopi vem mudando. “Antigamente, os doadores eram pessoas menos abastadas: empregados da construção civil, empregadas domésticas”. Ela afirma que, com o trabalho de divulgação e a parceria do hemocentro com faculdades, escolas e outros órgãos, outras classes sociais estão sendo atingidas.

Ao ver uma campanha na televisão, Odernes Silva, 60 anos, sentiu a vontade de doar. Hoje, já é doador fiel. “Na época estavam precisando do meu tipo de sangue, “O positivo”, então eu vim aqui e doei. A partir daí, eu venho sempre que posso, porque, a meu ver, doar sangue é doar vida”, afirma. 
 
Odernes Silva doa sangue sempre que pode

Assim como ele, Rogério Rodrigues, 28 anos, também se motivou através de campanhas na televisão. Nem a distância o impede de manifestar sua solidariedade. Ele é natural de Luzilândia, norte do Piauí, e ele vem ao Hemopi a cada três meses. São 260 km de distância de Teresina. “A minha cidade é pequena, não tem estrutura e o Hemopi vai de ano em ano. Por isso venho doar aqui”, diz Rogério.
 
 Rogério Rodrigues não deixa que a barreira geográfica o impeça de doar


Reportagem: Cássia Sousa e Ludmila Barbosa
Fotos: Ludmila Barbosa
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Falta de consciência no trânsito gera violência na capital

Aumentou número de acidentes no trânsito de Teresina. Somente na capital, são 206 mil carros e 90 mil motocicletas. “Temos um percentual muito alto de acidentes, no mês de março foram 220 acidentes, sendo 85 só com motos. Acredito que falta uma consciência coletiva e educadora”, declara Iranildes Sipauba, chefe da divisão de ensino no trânsito da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (STRANS). 
 
Durante todo o ano a superintendência desenvolve campanhas de conscientização no trânsito, nas datas de maior movimentação do trânsito da capital. As campanhas são desenvolvidas de forma sistemática, como no período de volta às aulas, na semana santa, no natal e no carnaval. “Com a Lei Seca, intensificamos a fiscalização. Temos muitas regras que não são respeitadas, a educação deve ser feita diariamente”, afirma Sipauba. 
 
Iranildes Sipauba: educação é um processo diário

Segundo o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), como medidas de segurança tanto nos carros como nas motocicletas, as pessoas devem realizar revisão e manutenção regulares no meio de transporte. No caso do motociclista, é essencial o uso do capacete, que deverá conter refletores e o selo de segurança do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).

“Eu acredito que os acidentes ocorrem mais com motociclistas devido à sua exposição. O capacete é muito importante, por isso, só pego passageiros quando estes concordam com o uso”, diz Afonso Leal, mototaxista há 12 anos em Teresina. 
 
Com o mototaxista Afonso Leal, passageiro só anda de capacete

A nível nacional é desenvolvida a campanha da Semana Nacional de Trânsito, que ocorre todo ano em setembro, tendo em vista a educação no trânsito. Nesse quesito, a STRANS direciona seu trabalho mais para os motociclistas, pois estes são, juntamente com os pedestres, os mais vitimados no trânsito. “A educação é uma questão de colaboração de todos, é preciso consciência. A população necessita adotar as medidas de segurança”, finaliza Iranildes Sipauba.


Reportagem e Fotos: Adriana Oliveira e Thiago Moraes
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

ENTREVISTA: Trabalho Escravo - um fantasma que ronda muitos piauienses

A crueldade do trabalho escravo no Brasil, ao contrário do que muitos pensam, não foi extinto com a assinatura da Lei Áurea, em 1888. O regime de escravidão ainda é uma dura realidade para centenas de brasileiros.

João Batista Luzardo Soares, 45 anos, ex-procurador-chefe do Ministério do Trabalho, formado pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), revela, na entrevista que segue, o retrato da real situação do trabalho escravo. Ele também fala sobre as causas das mazelas na sociedade contemporânea.

O ex-procurador-chefe acredita que a ética é o melhor caminho para qualquer profissão. Satisfeito com o trabalho que desempenhou à frente da Procuradoria Regional do Ministério do Trabalho, desde 31 de janeiro de 2008, ele contou um pouco sobre os bastidores das práticas ilegais de exploração da atividade humana.    

 Luzardo Soares: o trabalhador escravo piauiense é ingênuo


Adriana Oliveira: O senhor acredita que o trabalho escravo, hoje no Brasil, seria uma das relações trabalhistas mais cruéis?
João Batista Luzardo: É muito cruel. O que acontece é que nós temos diversas formas de exploração do homem e eu faço questão de ressaltar que não se pode confundir trabalho escravo com trabalho em situação degradante, com trabalho de situação de humilhação. Mas essa humilhação ou essa degradação do trabalhador não o impede de dizer não.

Thiago Moraes: Em quais setores o trabalho escravo é mais presente?
Luzardo: No agronegócio, na cultura da cana de açúcar, principalmente. Esse é o trabalho escravo que nós chamamos trabalho escravo rural e também já temos o trabalho escravo urbano, principalmente praticado em confecções em São Paulo, de chineses que exploram a mão de obra de imigrantes ilegais, principalmente da Bolívia e do Paraguai. Mas o país não pode fechar os olhos porque quem está usando essas confecções somos nós. Então, no fundo, somos também compatíveis disso.

Adriana: O que facilita essa prática do trabalho escravo?
Luzardo: A prática do trabalho escravo é facilitada, primeiro, pela informalidade das relações. Muitas vezes, as pessoas que trabalham são analfabetas, portanto, não teriam facilidade no mercado de trabalho mais competitivo. Às vezes são imigrantes ilegais, muitas vezes foragidos da justiça, cumprindo penas. Mas, a meu ver, o que mais facilita é a falta de políticas públicas de oportunidade de trabalho, de fixação do homem em seu município de origem. Não podemos estimular a esmola social, mas a oportunidade de trabalho digno, um aprendizado nas escolas técnicas. Então, a falta de emprego, de oportunidade de trabalho digno, é o principal motivo juntamente com a falta de solidariedade humana, que faz com que exista o trabalho escravo no Brasil.

Thiago: Qual o perfil do trabalhador escravizado?
Luzardo: O trabalhador varia muito dependendo da sua origem. O trabalhador nordestino, do Piauí, por exemplo – que é o que eu tenho mais contato –, ele é ingênuo, acima de tudo cumpridor de suas promessas, analfabeto, muito forte e jovem. São homens. E o perfil é de uma pessoa que trabalha “de sol a sol” e que, por exemplo, na cultura da cana de açúcar, pode cortar por dia, com dois facões, 15 toneladas. Um trabalho sobre-humano.

Adriana: E o perfil do escravizador?
Luzardo: O perfil do escravizador, acima de tudo, é de um desumano, que busca, sem nenhum escrúpulo, o lucro; que não respeita a legislação; que sempre tem um “laranja” ou “testa de ferro” nessas atividades. É um perfil de pessoas poderosas. Em geral, é assim que grandes empresas que se utilizam desse momento para poder explorar a mão de obra.  O que eu vejo também é uma relação muito forte entre o trabalho escravo rural e a exploração do meio ambiente. O desmatamento, o dano ao meio ambiente, é feito pelo homem que está ali, vítima da exploração, vítima do trabalho escravo.


Reportagem e Fotos: Adriana Oliveira e Thiago Moraes
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Incentivo ao aleitamento materno reduz índices de mortalidade neonatal e estimula solidariedade

Reduzir a mortalidade neonatal. Essa é a função básica do Banco de Leite da maternidade Dona Evangelina Rosa, na zona Sul de Teresina. O público alvo do banco são bebês de 0 a 28 dias, em sua maioria prematuros, com sequelas neurológicas, ou, ainda, com risco de sobrevida. 



Atualmente, o Banco de Leite disponibiliza seis litros de leite materno por dia. “Estamos trabalhando para que as doações aumentem, pois, o ideal seria que tivéssemos de oito a dez litros por dia – uma vez que nascem aproximadamente 40 bebês diariamente e, desse percentual, 15% são prematuros”, esclarece Vanessa Paz, supervisora do Banco de Leite.



Ainda segundo Vanessa, anualmente, o Banco de Leite realiza campanhas de conscientização sobre a importância do aleitamento materno. “Nós realizamos campanhas em datas pontuais, como o Dia do Aleitamento Materno, em outubro, no Natal, a Semana do Aleitamento, que será em agosto, e no Dia das Mães”, destaca a supervisora.



As mães interessadas em doar devem se cadastrar na própria maternidade, disponibilizar dados de identificação, além de realizar análises clínicas. “A importância de doar está em ajudar o próximo, principalmente por que várias mães não produzem o leite materno e isso fragiliza o bebê. Além disso, não tenho nenhum trabalho e apenas faço a coleta do leite, a maternidade disponibiliza todo o material necessário para a coleta”, finaliza Leila de Maria da Cruz, doadora.


Reportagem: Adriana Oliveira e Thiago Moraes
Fotos: Adriana Oliveira e Thiago Moraes
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Novo código de ética médica já vigora em todo país

Desde o mês de maio de 2010, passa a vigora em todo o país o novo código de ética médica. A nova norma foi aprovada em setembro do ano passado, após dois anos de debates e análises de 2.677 questões, que seriam colocadas no novo documento. O código traz princípios relevantes de direitos e deveres dos médicos brasileiros.

O documento terá validade em todo território nacional e, de acordo com Conselho Federal de Medicina, o profissional de saúde que infringir o código será multado com processo administrativo. “O código de ética médica estava precisando se adaptar à nossa realidade, pois, as mudanças que ocorreram foram significativas. Além disso, o novo código surgiu devido à necessidade de todos se conscientizarem a respeito de seus direitos e deveres”, afirma George Luiz Batista, clínico geral.

Dr. Batista diz que a reformulação traz mudanças significativas

O código traz recomendações para que os profissionais de saúde utilizem letras legíveis nos prontuários e receitas. De uma forma geral, a resolução aborda temas como responsabilidade dos médicos, direitos humanos, perícia médica, relação entre pacientes e a própria classe profissional, além dos trabalhos e publicações científicas. 
 

Reportagem: Adriana Oliveira e Thiago Moraes
Foto: Adriana Oliveira e Thiago Moraes
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Contra o crack, pela Vida

De 10 a 12 Segundos. Esse é o tempo que o crack leva para chegar ao cérebro. Com a mesma rapidez que age no corpo, ele tem o poder de destruir a vida de quem usa. Pensando em combater essa droga tão devastadora, a Fazenda da Paz está organizando o movimento “1 Minuto pela Vida”. No dia 25 de junho acontecerá uma caminhada com concentração às 7 horas, na avenida Frei Serafim, indo até a Câmara Municipal de Teresina, onde haverá uma reunião com vereadores da cidade.

O evento tem o intuito de pedir agilidade na implantação de políticas relativas ao combate do consumo de drogas. A maior meta da campanha é lutar por um conselho que trabalhe na fiscalização, cobrança e execução de políticas relacionadas à prevenção e tratamento de dependentes químicos.

 “Tudo no crack é mais rápido. Desde a sua utilização: são 12 segundos para chegar ao cérebro. Até a mudança do corpo é mais rápida. Com a cocaína você passa de cinco a seis anos para começar a perceber mudanças na estética. Com o crack, em 6 meses você vira praticamente um mendigo. Não se cuida mais, não dorme”, afirma Erick Raffaelli, conselheiro de dependência química da Fazenda da Paz.

 Raffaelli: pessoas atendidas pela Fazenda da Paz são de várias faixas etárias

Segundo Raffaelli, 99% dos indivíduos tratados pela Fazenda da Paz, atualmente, são usuários de crack. A faixa etária dos atendidos pela entidade é bem ampla: vai desde os 12 até os 60 anos de idade. O tipo de tratamento depende do grau de dependência do indivíduo. “Por ser uma droga muito forte, a libertação do crack é muito lenta”, comenta.

O crack é resultante da mistura de sobras do preparo da cocaína, bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada, resultando em grãos que são fumados em cachimbos. “O crack é o lixo do lixo. O que não serve mais para nada é reutilizado e transformado no crack”, diz Erick Raffaelli.

Chegando ao cérebro, começa a produzir seus efeitos: forte aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremor muscular e excitação acentuada, sensações de aparente bem-estar, aumento da capacidade física e mental, indiferença à dor e ao cansaço. A euforia causada por essa droga pode durar de 5 a 15 minutos. Logo após, o usuário começa a sentir crise de abstinência e surge novamente a forte necessidade de inalar sua fumaça.

Além de tratar dependentes químicos, a Fazenda da Paz acolhe os beneficiados pelo tratamento. Erick é ex-usuário de drogas, foi interno da Fazenda da Paz, trabalha há sete anos no local e cursa Enfermagem. Assim como ele, outros sete ex-dependentes também trabalham na entidade.


A Fazenda da Paz é uma entidade sem fins lucrativos para a reabilitação de dependentes químicos. Existe há 15 anos e foi idealizada pelo padre Pedro Balzi – falecido em 2009 –, em parceria com Célio Luiz Barbosa, ex-usuário de drogas. Mantém-se através de doações e parcerias com empresas.

Reportagem: Cássia Sousa e Ludmila Barbosa
Fotos: Ludmila Barbosa
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

História contada em poesia

A literatura de Cordel, poesia do sertão, ou a história do povo contada pelo próprio povo, é a manifestação cultural mais difundida no Nordeste do Brasil. Em Teresina, os cordelistas encontram no Centro de Artesanato Mestre Dezinho um pólo de divulgação muito procurado, sobretudo, por turistas.



Para Raimundo Martins, vendedor de cordel, a tradição é sustentada através das gerações. “Poucas pessoas conhecem, mas quem adquire compra através da divulgação do próprio cordelista ou simplesmente por curiosidade”, destaca o vendedor.

 Martins: cordel se sustenta através das gerações

Segundo Rogério Bezerra, webmaster, a literatura de cordel representa a história de um povo. “Ler cordel nos mostra o pouco do Piauí já esquecido, principalmente, quando lembramos do cabloco e da difícil realidade nordestina”, afirma.

Os cordelistas encontram na Praça Marechal Deodoro um espaço reservado para a apresentação de suas histórias, visto que, no mês de agosto ocorre o “Festival de Violeiros”, que atrai públicos de várias regiões do Nordeste. “Eu vou assistir por curiosidade, mas acho interessante e vejo que o público-alvo é muito maduro. Entretanto, os jovens que frequentam, em sua maioria, vão para acompanhar parentes, como é meu caso”, finaliza Leila da Silva, universitária. 



Reportagem: Adriana Oliveira e Thiago Moraes
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Vuvuzela: a sensação da Copa do Mundo da África

A sensação da Copa do Mundo de 2010, a vuvuzela – uma corneta utilizada inicialmente por torcedores de futebol sul-africanos e atualmente difundida em todo mundo –, tem levantado críticas acerca de danos com seu uso frequente, tais como problemas auditivos, além de infringir a Lei municipal do Silêncio.



As vuvuzelas tornaram-se mundialmente conhecidas desde 2009, na Taça das Confederações e, de acordo com o setor lojista de Teresina, esse instrumento alavancou em mais de 100% as vendas neste mês. “A vuvuzela está sendo muito procurada, sobretudo pela exposição do produto na mídia. Uma vez que compramos 7.000 exemplares e já vendemos todos”, declara Cipriano Lopes, responsável pelo depósito de uma loja de variedades da capital.

 Cipriano Lopes: exposição na midia ajuda na venda de vuvuzelas

 Já para Eliene Clark, delegada da Delegacia do Silêncio, deve haver restrições ao uso da corneta. “O barulho dessa corneta em média chega a 102 decibéis, o que pode proporcionar incomodo. Entretanto, em comemoração aos jogos, não iremos penalizar nenhum torcedor. Agora, se este exceder o limite de 3h da manhã, sofrerá apreensão da fonte de som, além de interdição do estabelecimento”, afirma a delegada.

Para Maria Helena de Assunção, dona de casa, a vuvuzela é essencial na torcida brasileira. “Eu acho ótimo, pois vale tudo quando o Brasil faz um gol, eu faço muito barulho e não me incomodo com os vizinhos”, finaliza a torcedora com a vuvuzela na mão.



Reportagem e Fotos: Adriana Oliveira e Thiago Moraes
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Entrevista: Profª Olivette Rufino avalia a importância das escolas na formação da consciência ambiental e quais falhas ainda precisam ser corrigidas

Durante este mês de junho, foram feitas manifestações em Teresina por conta do dia 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. A secretaria municipal do Meio Ambiente (SEMAN) organizou uma caminhada ecológica para encerrar a programação das atividades da Semana do Meio Ambiente. Nesse contexto, entrevistamos a professora Olivette Rufino Prado Aguiar, Doutora em Educação pela UFRN e professora adjunta da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Tendo como área de interesse a formação e o desenvolvimento de conceitos na perspectiva sócio-histórica, a professora Olivette falou sobre a importância de movimentos ambientais na formação de uma consciência ambiental dos indivíduos. Contudo, ressaltou que é no cotidiano que essas mudanças comportamentais se fazem mais importantes.

Ela acredita que o diálogo entre escola, família e demais instituições sociais são importantes nesse contexto, porém são difíceis e precisam da vontade política da sociedade.


Infocientizando: No início do mês, houve a Caminhada Ecológica em decorrência da Semana do Meio Ambiente. Como a senhora avalia esse tipo de manifestação no momento atual?
Olivette Rufino: Penso que essas manifestações são de extrema relevância, principalmente na atual conjuntura, porque o que a gente está vendo é uma degradação cada vez maior do meio ambiente e isso repercute em diversas catástrofes que retornam como uma fúria da natureza contra as pessoas. Eu louvo essas manifestações porque elas são um veículo também importante para que as pessoas atinjam a conscientização maior acerca dessa necessidade de se proteger o meio ambiente, não agredir, não degradar.

Infocientizando:
Jogar lixo no chão, com a justificativa de que haverá alguém para limpar depois ,não é algo tão incomum de se ver, por exemplo. O que sugere que nem sempre a consciência ambiental está presente no cotidiano das pessoas. Na prática cotidiana, como a senhora percebe que esse movimentos se mostram eficazes?
Olivette Rufino: É complicado. Não é um movimento isolado, anual ou mesmo semestral que vai fazer muita diferença, mas eu penso que se você começa a fazer manifestações desse tipo e cria uma prática cotidiana de encontrar meios de conscientizar cada vez mais as pessoas. Isso com certeza vai resultar numa atuação do ser humano que leve a uma modificação dessa prática [danosa ao meio ambiente]. As escolas vêm trabalhando com as crianças nesse sentido que você falou. O meu neto, por exemplo, de vez em quando me ensina coisas as quais eu não fui ensinada. Estou aprendendo agora, já depois de adulta, o que é muito diferente. O que eu percebo é que tanto a mídia como a escola, constantemente, vêm tratando de assuntos relacionados ao meio ambiente. Acontece que, muitas vezes, o professor está com um conteúdo relacionado a ecologia e, de repente, ele tem uma prática diferente. Entretanto, aluno que aprende aquilo questiona e diz “mas não está certo”.

I: Então, a senhora acredita que é mais fácil para uma criança aprender esses conceitos do que uma pessoa adulta?
O. R.: Não tenha a menor dúvida. É lógico que a nossa maneira de se comportar se modifica. A gente vai mudando ao longo do tempo, mas existem determinadas situações que são marcantes e que levamos para o resto da vida. Então, a insistência nessa preocupação com o meio ambiente, presente na vida das crianças hoje, indica que elas irão aplicar isso na vida adulta. É diferente de nós que não aprendemos e agora temos que assimilar essa coisa nova. É mais difícil para quem é adulto hoje estar internalizando esses conceitos do agir ecologicamente correto do que para as crianças que estão aprendendo isso desde a mais tenra idade. Isso é indiscutível.

I: A senhora acredita que as pessoas hoje estão mais conscientes ou pouco/quase nada é feito na preservação do meio ambiente?

O. R.: Acredito que elas estejam mais conscientes. Até mesmo aquelas pessoas que não têm um grau de instrução muito elevado, porque elas são orientadas pela mídia. O que é que falta mesmo? O que falta é a vontade política de alguns setores da sociedade.

I: Quais?
O. R.: Os grandes empresários. O lucro fala mais do que a consciência ambiental. Infelizmente, estamos inseridos numa sociedade capitalista.

I: Mas, para além dessas questões mais macro, a senhora não acha que pequenas atitudes também são relevantes? Se a consciência ambiental existe no cotidiano das pessoas, é provável que elas se manifestem com mais firmeza diante de abusos cometidos.

O. R.: Com certeza. Pequenas atitudes são essenciais. É a partir delas que conseguimos ampliar isso num leque cada vez maior de ações que resultem na preservação ambiental. A gente ainda vê coisas absurdas como esquinas cheias de lixo no centro da cidade. Você vê pessoas que até têm uma boa condição econômica e social jogarem sacos de lixo numa calçada e numa esquina. Contudo, existem aqueles que estão passando de carro ou de bicicleta que olham e acham um absurda e dizem “ei, aí não é local de jogar lixo!”.

I: Como a senhora relaciona a sua atividade enquanto educadora e a conscientização das pessoas?

O. R.: Aqui na academia formamos professores. Penso que a universidade tem um papel fundamental. A partir do momento também em que recebemos no nosso quadro de professores, profissionais que têm esse tipo de preocupação e que fazem disso uma prática cotidiana, articulando todos os conteúdos que são necessários à formação desses futuros profissionais com as questões ambientais. Temos que estar fazendo essa relação todo o tempo em sala de aula para que os futuros professores que saiam daqui saibam que eles também têm essa responsabilidade para com a formação das crianças que irão frequentar as escolas.

I: Hoje as crianças transitam por diversos espaços que, por si só, já são híbridos. Como articular esses diferentes espaços de modo que elas tenham essa conscientização? Como promover o diálogo entre esses espaços?

O. R.: É uma pergunta difícil e a concretização disso, muito mais. É uma necessidade articular escola e família, já que a escola não educa sozinha.

I: A senhora acredita que hoje existe um diálogo entre escola e família?
O. R.: Não é fácil fazer essa articulação entre escola e família. Uma grande reclamação que a gente vê nas escolas é a ausência dos pais nas reuniões. Muitas vezes, os professores precisam ter esse diálogo com os pais para entender melhor determinada criança e não têm porque eles estão ausentes da escola. Sabemos que isso é necessário. Em resumo: é difícil, mas não é impossível. Agora, se a gente pensar que essa articulação entre escola e família é difícil, e incluir outras instâncias dificulta mais esse diálogo . É preciso que haja vontade política das pessoas.

I: Os pais são mais ausentes nas escolas da rede pública ou privada?
O. R.: Pública. É um problema muito grande. São muitos fatores que influenciam. A própria situação dos pais e dos alunos da escola pública já é um indicador de que é preciso um trabalho muito maior de conscientização. As escolas têm insistido nesse ponto e tem havido melhorias, mas melhorias muito tímidas. Isso desanima.

I: Por que acontece isso na escola pública?
O. R.: O professor geralmente chama o pai na escola quando o aluno vai mal para tentar resolver o problema. Então, o pai vai a primeira vez, a segunda, mas não vai uma terceira vez. Porque ele diz “Eu sou venho aqui para receber reclamação do meu filho?”. Essa é uma das razões. Então, é necessário que a escola crie estratégias que sejam mais eficazes.

I: Quais, por exemplo?

O. R.: Por exemplo, chamar o pai para dizer que o filho está muito bem, que está ótimo. E não apenas quando filho está com problemas.

I: Cite outras, por favor.
O. R.: Sabemos que o conhecimento é o que leva as pessoas a alcançarem um nível maior de conscientização. Então, como os pais da rede pública geralmente têm um grau de escolarização inferior, eles não entendem essa necessidade que a escola tem de ter o contato com a família da criança. Não sei te dizer a receita, mas é preciso que a escola encontre uma forma de trazer o pai para a escola ,para que ele desperte essa conscientização. Agora é muito complicado porque é grande a quantidade de fatores negativos que influenciam nessa postura de ausência. A desestruturação familiar, por exemplo.

I: O que a senhora considera uma família desestruturada?

O. R.: Há mais desentendimentos familiares quando inexiste a condição de manter uma vida digna, uma boa alimentação, enfim, uma condição humana que não resulte em tantos problemas socioeconômicos. Isso não é o único fator. Há o problema do uso de diferentes tipos de drogas, sejam elas lícitas, no caso do álcool, ou ilícitas. Isso também traz problemas de relacionamento tanto entre pais como dos pais em relação aos filhos. Esse é um problema muito recorrente nas famílias que moram em periferias, por exemplo. Sabemos que é muito ruim para os pais, mas é bem pior para a criança que está crescendo naquele ambiente e que quando ela chega na escola, não sabe lidar com determinadas situações e vai repetir aquilo que ele viu na casa dele ou na vizinhança. Então, não estou dizendo que todos esses problemas serão resolvidos com a articulação entre escola e família. Esse é apenas um ponto de partida para que tenhamos uma outra situação.




Reportagem: Cássia Sousa e Ludmila Barbosa
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Workshop de meio ambiente movimenta setor industrial em Teresina

O primeiro workshop da rede SENAI sobre meio ambiente aconteceu em Teresina entre 14 e 16 de junho. O evento procurou esclarecer o segmento industrial quanto a requisitos legais relativos ao meio ambiente.

O evento contou com uma palestra do presidente da FIEPI (Federação das Indústrias do Estado do Piauí) sobre a preparação do empresariado em relação ao respeito à legislação ambiental, e foi realizado na própria sede da federação. A necessidade do workshop baseou-se em solicitações de empresas sediadas no Piauí que possuem a preocupação ambiental como prioridade na sua estratégia produtiva.

Com o propósito de apoiar a indústria rumo ao desenvolvimento sustentável, a rede SENAI se comprometeu a dotar os departamentos regionais de equipamentos capazes de atender as demandas locais por serviços técnicos e tecnológicos na área ambiental, iniciando os atendimentos locais de demandas pelo serviço de monitoramento ambiental, além de internalizar a competência de coleta e análises prioritárias de campo nos departamentos regionais. Tudo isso com o oferecimento de uma relação custo-benefício viável e competitiva.
Participaram do evento o diretor regional do SENAI-PI, Ewerton Negri Pinheiro, o Secretario Estadual de Desenvolvimento Econômico Francisco Reinaldo Rebelo Sampaio e vários empresários do Piauí.

Um levantamento mostrou que o serviço mais demandado no Piauí é o de monitoramento ambiental nas matrizes de água, solo e ar. O escopo deste serviço consiste na realização de coleta e análises laboratoriais, mas, para que esse projeto funcione, são necessários equipamentos e pessoal capacitado.


Reportagem: Israel Severo
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

Educomunicar: mais que um conceito, uma promessa de democratização comunicativa

O papel de informar há muito tempo é ligado ao conceito de educar, mas pensava-se que não havia, até bem pouco tempo atrás, uma linha de estudo que priorizasse especificamente essa educação através da comunicação. A “Educomunicação” surgiu com o propósito de relacionar educação e comunicação, proporcionar uma “alfabetização midiática”, e não é tão recente como a maioria das pessoas pensa.

Apesar de utilizar bastante os meios de comunicação, a educomunicação não se restringe ao aspecto tecnológico. “Tecnologia não veio para transformar, veio para ajudar, como recurso de apoio às técnicas”, afirma Ismar de Oliveira, professor da Universidade de São Paulo (USP), para quem a tecnologia entra como fator motivador das técnicas educomunicacionais.

Ismar de Oliveira: a educomunicação é uma perspectiva de evolução da comunicação brasileira

Cerca de 40% dos alunos de Ensino Médio no Brasil, hoje, abandonam a escola por falta de motivação, o que mostra que o investimento em TICs (Tecnologias de Informação da Comunicação) não está dando os resultados esperados no país. Organizações, como a Fundação Casa Grande já são destaque na educomunicação desenvolvida no país – na cidade de Nova Olinda-CE – e mobilizam jovens através de tecnologias comunicacionais, na tentativa de despertar neles interesse para a educação.

O rádio é um dos meios de comunicação mais utilizados nos trabalhos de educomunicação no Brasil. Os alunos passam a dominar essa tecnologia e participar de uma produção radiofônica que não ocorre de forma vertical (na qual o professor apenas ensina aos alunos), mas horizontal (que trata professor e alunos em uma perspectiva de igual importância), porque a comunicação pressupõe diálogo.

O professor Ismar profere conferências sobre educomunicação em congressos de Comunicação e Educação, como o Intercom Nordeste 2010, em Campina Grande-PB

Os cursos de educomunicação devem espalhar-se nos próximos anos no Brasil, de forma a aliar teoria e prática. No entanto, questiona-se muito como a mídia vai promover educomunicação, se essa vertente comunicacional critica a própria mídia?! Quanto a isso, o professor Ismar ressalta que o objetivo é “a partir da ilha, tentar conquistar o continente, já que a educomunicação começa não como hegemônica, mas como um ponto”.

A educomunicação surgiu no início do século XX com objetivo de educar as pessoas, especialmente os jovens, para compreender e criticar os meios de comunicação, seu conteúdo e suas formas de abordagem. Nas escolas francesas, surgiu como obrigatoriedade o exercício de práticas educacionais para os meios. Nos Estados Unidos, foram feitos novos currículos acadêmicos voltados para a perspectiva educomunicacional. Mas no Brasil as políticas públicas voltadas à comunicação ainda não têm tanta força.

Trazer uma visão política de cidadania e promover novas experiências comunicacionais no país, com novas perspectivas para os jovens. Só de possuir esses dois objetivos entre suas prioridades, a educomunicação já começa inovando no cenário brasileiro, ainda marcado por pouca democracia e padronização de modelos.




Reportagem e Edição: Tamires Coelho
Fotos: Tamires Coelho
Ler Mais

Sacola plástica tem seus dias contados em estabelecimentos de Teresina

Lei proíbe o uso das sacolas plásticas nos estabelecimentos comerciais da capital

400 anos. Esse é o tempo médio que uma sacola plástica leva para se decompor em meio externo. Segundo uma pesquisa realizada no ano passado pelo Ministério do Meio Ambiente, um brasileiro utiliza por ano, 800 sacolas, o que corresponde a 12 bilhões de sacolas plásticas descartadas por 180 milhões de brasileiros, ao ano. 

Nessa perspectiva, em 2010, entra em vigor na cidade de Teresina uma lei que proíbe o uso das sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais da capital. A partir deste ano, as farmácias, lanchonetes, panificadoras, açougues, laboratórios de análise clínicas, hospitais, comércios e prestadores de serviços em geral ficam obrigados a utilizar sacolas biodegradáveis ou produtos retornáveis (papel ou tecido) para acondicionar produtos e mercadorias.

Saco plástico ou retornável?

O uso dos sacos plásticos engloba diversas características. Em 1950, quando foram criadas, as sacolas eram motivos de orgulho. No entanto, meio século depois, passaram a ocupar o status de vilãs do meio ambiente, pois, 10% do lixo de todo país é representado pela matéria prima das sacolas.

De acordo com Lucivânia Santos, responsável pelas despesas das embalagens plásticas de uma rede de supermercados, só a lei não resolverá os problemas com a poluição. “Já recebemos a visita da secretária municipal de Meio Ambiente (SEMAM), mas só a lei não resolverá os problemas da poluição, pois é necessária a conscientização de todos. É necessário também que o público entenda que o plástico degrada o meio ambiente”, afirma.

Lucivânia Santos: "faltam campanhas educativas"

Lucivânia salienta que são consumidas 340.000 sacolas por mês no supermercado, o que ocasiona cerca de 11 mil reais em gastos com sacolas. “Sem dúvidas, faltam campanhas educativas dos governos. É comum o cliente pedir várias sacolas para carregar um pequeno produto”, relata.

Em todo o mundo, foram criados mecanismos para barrar o crescimento vertiginoso do saco plástico. Na Irlanda, desde 2002, é cobrada taxa pelo uso indevido de sacolas. Na China, o uso foi totalmente banido e, no Brasil, a principal alternativa são as sacolas de plásticos oxi-biodegradáveis, que possuem um aditivo químico acelerador de decomposição em contato com meio externo.

Entretanto, o uso de sacolas retornáveis também se mostra uma alternativa, uma vez que, para Paulo Afonso, gerente de uma rede de supermercados, o mau hábito do uso do plástico deve ser substituído aos poucos. “Em nosso supermercado já usamos as sacolas oxi-biodegrádaveis, mas também fechamos uma parceria para que possamos substituir o plástico pela sacola retornável e, nesse primeiro momento, vender a um preço baixo ou distribuir de graça”, revela o gerente.

Consciência do cliente

Em Teresina, das 450 toneladas de lixo diário, 45 toneladas são de detritos plásticos. Para Elizabete Avelar, bombeiro, custa caro fazer compras com a sacola retornável. “O preço da sacola retornável é altíssimo, visto que, é muito difícil carregar frios, empilhar muitas compras e, se o estabelecimento liberasse caixas de papelão, seria melhor”.

Já para Thaís Ferreira, estudante, a lei de obrigatoriedade das sacolas biodegradáveis não mudará a consciência do teresinense. “Não levo em consideração no ato da compra se a sacola é ou não biodegradável, pois utilizo só para jogar o lixo fora”, revela a estudante.

A lei que entrou em vigor em janeiro deste ano destaca que os estabelecimentos terão um ano para se adaptar e que, nos os seis primeiros meses, deverão entrar em conformidades as empresas com mais de 150 funcionários. Após esse período, os estabelecimentos com até 75 empregados estão obrigados a adotar as novas normas.

Após um ano, todos os estabelecimentos comerciais da capital deverão estar em acordo com a lei. O descumprimento da mesma acarretará em multas para os proprietários.

Reportagem: Thiago Moraes
Edição: Tamires Coelho
Ler Mais

A tentativa de conservar a Teresina do passado nos dias atuais

Os patrimônios públicos podem ser tanto de cunho cultural, como ambiental e moral. No caso dos imóveis, um dos meios mais eficazes de proteção e conservação desse patrimônio é o tombamento.

O tombamento é um recurso regido pelo decreto lei federal nº 25 de 30 de 11.1937, também conhecida como “Lei do Tombamento”. Quando um imóvel é tido com patrimônio brasileiro, o órgão responsável pelo tombamento é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

 Localizada no município de Teresina, a Fazenda Ininga é um excelente exemplo de casa colonial de fazenda

São 27 superintendências do IPHAN, uma em cada estado do Brasil. No Piauí, funciona a 19ª superintendência do instituto, que tem como superintende Diva Figueiredo. “Nós do IPHAN temos a responsabilidade de preservar e conservar os patrimônios de Teresina. Atualmente, temos um processo em andamento para o tombamento da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no bairro Vermelha. Isso devido ao seu valor cultural, com sua arte sacra”, afirma Figueiredo. 

Em Teresina, dentre os patrimônios tombados pelo instituto, estão a Ponte Metálica, João Luiz Ferreira (que liga Teresina-PI e Timon-MA), a Igreja São Benedito e a Floresta Fóssil do rio Poti. “O patrimônio sofre com a modernidade. Preservar é algo muito difícil. Nós não podemos pensar em uma preservação à parte, é necessária a participação de todos, principalmente com uma política voltada para isso”, afirma a superintendente.

 O Casario de Amarante é um dos mais bem preservados da arquitetura piauiense

Em Teresina, existem projetos voltados para a preservação arquitetônica do Piauí. Este é o caso do “Amigos do Patrimônio”, um grupo coordenado pela professora da Universidade Federal do Piauí (UFPI),  Alcília Melo, especialista em Arte e Cultura Barroca e Conservação Urbanística. “Sempre pensei que a conscientização passa, primeiramente pela educação. O que falta é conscientização. O nosso projeto começa aqui no âmbito educacional”, destaca Alcília.

O projeto “Amigos do Patrimônio” realiza seus trabalhos com a divulgação da relevância da preservação, através de palestras e da publicação de livros sobre o assunto. “O nosso material é distribuído por todo o Brasil, principalmente em congressos. Em alguns eventos, a distribuição chega a três mil exemplares”, ressalta a professora.

 A estação ferroviária de Teresina é um dos prédios tombados pelo IPHAN na capital piauiense

De acordo com o IPHAN, no Brasil há 1.110 bens tombados em 274 cidades, além de 82 conjuntos históricos tombados. “Eu acho muito importante o tombamento. É uma forma de preservar a nossa cultura. Hoje, penso com tristeza na quantidade de prédios que foram derrubados para se transformar em estacionamento. A preservação é um dever de todos. É preciso tombar e preservar”, salienta Lucídio Nogueira, bancário aposentado.

O Piauí é o primeiro estado brasileiro a receber o tombamento por uma ação integrada. Ou seja, mais de um tombamento por vez. “Essa ação é mais do que importante para que não esquecermos das nossas raízes. Somos uma sociedade e devemos manter nossa cultura”, fala Cícero Ximenes, funcionário da UFPI.

A Casa do Barão de Gurguéia ou Casa da Cultura de Teresina

A finalidade do tombamento é preservar o bem dito como patrimônio, mas o cidadão consciente pode participar diretamente dessa preservação. No que se refere à apresentação de projetos, à fiscalização da execução de obras e à proteção legal.

Veja mais fotos no Flickr dos postais produzidos pelo grupo Amigos do Patrimônio. Clique Aqui!


Reportagem: Adriana Oliveira
Edição: Tamires Coelho
Fotos: Cedidas pelo grupo Amigos do Patrimônio
Ler Mais
 
Infocientizando | by TNB ©2010