quarta-feira, 16 de junho de 2010

Educomunicar: mais que um conceito, uma promessa de democratização comunicativa

O papel de informar há muito tempo é ligado ao conceito de educar, mas pensava-se que não havia, até bem pouco tempo atrás, uma linha de estudo que priorizasse especificamente essa educação através da comunicação. A “Educomunicação” surgiu com o propósito de relacionar educação e comunicação, proporcionar uma “alfabetização midiática”, e não é tão recente como a maioria das pessoas pensa.

Apesar de utilizar bastante os meios de comunicação, a educomunicação não se restringe ao aspecto tecnológico. “Tecnologia não veio para transformar, veio para ajudar, como recurso de apoio às técnicas”, afirma Ismar de Oliveira, professor da Universidade de São Paulo (USP), para quem a tecnologia entra como fator motivador das técnicas educomunicacionais.

Ismar de Oliveira: a educomunicação é uma perspectiva de evolução da comunicação brasileira

Cerca de 40% dos alunos de Ensino Médio no Brasil, hoje, abandonam a escola por falta de motivação, o que mostra que o investimento em TICs (Tecnologias de Informação da Comunicação) não está dando os resultados esperados no país. Organizações, como a Fundação Casa Grande já são destaque na educomunicação desenvolvida no país – na cidade de Nova Olinda-CE – e mobilizam jovens através de tecnologias comunicacionais, na tentativa de despertar neles interesse para a educação.

O rádio é um dos meios de comunicação mais utilizados nos trabalhos de educomunicação no Brasil. Os alunos passam a dominar essa tecnologia e participar de uma produção radiofônica que não ocorre de forma vertical (na qual o professor apenas ensina aos alunos), mas horizontal (que trata professor e alunos em uma perspectiva de igual importância), porque a comunicação pressupõe diálogo.

O professor Ismar profere conferências sobre educomunicação em congressos de Comunicação e Educação, como o Intercom Nordeste 2010, em Campina Grande-PB

Os cursos de educomunicação devem espalhar-se nos próximos anos no Brasil, de forma a aliar teoria e prática. No entanto, questiona-se muito como a mídia vai promover educomunicação, se essa vertente comunicacional critica a própria mídia?! Quanto a isso, o professor Ismar ressalta que o objetivo é “a partir da ilha, tentar conquistar o continente, já que a educomunicação começa não como hegemônica, mas como um ponto”.

A educomunicação surgiu no início do século XX com objetivo de educar as pessoas, especialmente os jovens, para compreender e criticar os meios de comunicação, seu conteúdo e suas formas de abordagem. Nas escolas francesas, surgiu como obrigatoriedade o exercício de práticas educacionais para os meios. Nos Estados Unidos, foram feitos novos currículos acadêmicos voltados para a perspectiva educomunicacional. Mas no Brasil as políticas públicas voltadas à comunicação ainda não têm tanta força.

Trazer uma visão política de cidadania e promover novas experiências comunicacionais no país, com novas perspectivas para os jovens. Só de possuir esses dois objetivos entre suas prioridades, a educomunicação já começa inovando no cenário brasileiro, ainda marcado por pouca democracia e padronização de modelos.




Reportagem e Edição: Tamires Coelho
Fotos: Tamires Coelho

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